quarta-feira, outubro 29
Trilhas, trilhas
Eu não sei se sou eu e minha mania de querer as coisas para sempre iguais ou o Martin (Scorsese) está realmente me decepcionando. Para quem fez Taxi Driver, assistir The Aviator é frustrante. Claro, que talvez possa ser uma fase, já que The Departed é divino e New York, New York já não é tão bom assim. Mas se tem uma coisa que devemos admirá-lo para sempre é em suas trilhas sonoras. New York New York tem algo de saxofone que não é comum. Ainda mais com o de Niro tocando. E tem um glamour nova-iorquino que dificilmente vemos em outros lugares. Gangues de Nova York tem um cenário de guerra urbana que me leva ao local das barbaries e me faz quere ficar por lá mesmo.
Outro diretor que não fica para trás é Quentin Tarantino. Em Reservoir Dogs ele dispensa a trilha sonora para dar mais espaço aos diálogos e para não desprender o público do alvo principal, o sangue. Já em Pulp Fiction, ele abusa desse recurso, talvez por ter menos sangue, mas principalmente para dar o filme um clima de "Pulp" que Uma Thurman já faz por si só. Ver Vicent Vega se drogar ao som de The Centurians é nada menos que magistral. Outra cena do filme que faz você quere colar o dedo do preview é a cena da dança de Mia Wallace com Vicent Vega. Chuck Berry foi imortalizado com a música que eles dançam e com certeza John Travolta também. E mais uma vez a trilha sonora se faz parte integrante do filme.
Em Kill Bill, o diretor também bota suas manguinhas de fora no que diz respeito à trilha. Na minha opinião, não consegue ser melhor que Pulp Fiction mas pelo menos ele tentou. Os filmes de Tarantino se caracterizam pelo enorme número de citações e elementos retirados de filmes, séries de TV, música, quadrinhos, e por aí vai, e neste Kill Bill Vol. 1 o diretor radicaliza a fórmula. Os filmes de Tarantino são aqueles raros exemplos de produções em que a seleção musical tem uma importância fundamental, funcionando tão bem quanto uma trilha incidental original. Segundo o próprio cineasta, quando ele está filmando, o faz já pensando na música que será utilizada acompanhando a imagem. Na verdade, Kill Bill Vol. 1 é o primeiro filme de Tarantino que conta com músicas especialmente compostas para ele.
A salada musical continua com canções pop de épocas variadas - a soturna balada Bang Bang (My Baby Shot Me Down), com Nancy Sinatra no vocal, Woo Hoo do grupo de surf-music japonês The 5.6.7.8's, e até mesmo a famosa versão "flamenco brega" de Don´t Let Me Misunderstood, por Santa Esmeralda, ouvida no duelo entre "A Noiva" (Uma) e O-ren Ishii (Lucy Liu). No entanto, a "pérola" do álbum é o resgate que Tarantino fez de uma composição esquecida de um dos maiores compositores do cinema de todos os tempos, Bernard Herrmann. Negar que Quentin é, hoje em dia, um dos únicos diretores que ainda se preocupa com a trilha, seria injustiça demais para a Sétima Arte.
O senhor Alfred Joseph Hitchcock também tem suas manhas cinematográficas quando estamos falando de trilhas sonoras. Psycho ele pioneiriza o uso do suspense com alto teor de medo nas trilhas sonoras que deveriam inclusive serem consideradas atores/atrizes em seus filmes já que acabam promovendo mais medo que os próprios.
E é por essas e outras que eu tenho certeza que a trilha sonora ainda vai permanecer intacta enquanto os cineastas entenderem que elas, ainda são, mesmo depois de todas as mudanças pelas quais o cinema passou, parte integrante, principal e fundamental de todos os filmes que almejam um lugar ao sol.
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2 comentários:
Ola querida, tem um convite la no Blog da Gullo pra você participar, se quiser, de uma passadinha pra saber o que é, ta bom??? Bejus.
ps.: eu adoro essa cena!!!!
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