quarta-feira, maio 27
Hã?
Não há como ser um amante da música e de toda sua essência e não se chocar com a seguinte matéria, há pouco publicada: "Finalista do American Idol pode ser novo vocalista do Queen". Pois bem, isso quer dizer que o vocalista de uma das maiores e mais lendárias bandas que o rock já possuiu, poderá ser fruto de um reality show. Só pra lembrar que, apesar de não ser nem um pouco simpatizante de nenhum reality show, não pretendo discutir sobre eles. O que está em jogo é a atitude de Brian May, guitarrista do Queen, que revelou estar muito interessado em contar com a voz de Adam Lambert de 27 anos, finalista do American Idol. Adam cantou We are the champions durante a final do programa, gerando então o interesse de Brian.
O Queen está sem vocalista desde a saída de Paul Rodgers - ex Free - ocorrida no início desse ano mas isso não quer dizer que assim ficará por um bom tempo e tampouco faz da decisão da escolha, algo impulsivo e momentâneo. Brian é um músico experiente, tem 61 anos, convive com música desde os 7, mas mostrou ser a euforia em pessoa, quando declarou tal vontade. Deus meu, o rapaz cantou apenas uma música dos caras (não vi a interpretação) e já tem um "semi-convite" pra liderar nada menos que o Queen. Será que isso não está mesmo um pouco fora do normal?
Sem preconceito algum, mas uma coisa é escolher as novas Spice Girls via reality show ou, apelando um pouco mais, o novo vocalista do É o Tchan, ou a nova loira do Tchan através de votação no programa do Faustão - outra coisa é usar de meios equivalentes para escolher o sucessor de alguém com a imagem como a de Freddie Mercury; que convenhamos, não era só uma voz.
Insisto que não escrevo para criticar os reality shows musicais. Como um apaixonado por música é óbvio dizer que é muito bom ver fenômenos, ainda que inusitados e inesperados, como Susan Boyle. Uma voz maravilhosa e não duvido que a de Adam também seja. Mas os únicos convites que Boyle recebeu, foram para atuar em filmes pornô - piadinhas a parte. Não ouvi falar de nenhum convite para que ela seja a Prima Donna em uma ópera. É óbvio afinal, cada macaco no seu galho.
A única coisa boa nisso tudo é que ainda não há nenhuma decisão formalizada. Mesmo porque, esta não uma decisão tão simples quanto está parecendo, é algo um pouquinho maior, com uma história um pouquinho mais gloriosa. Então em nome de todos os fãs do Queen, rezemos pra que Brian pense mais, o mesmo "pouquinho".
segunda-feira, maio 25
Angels & Demons, 2009
Cheio de verossimilhança, Ron Howard nos apresenta um filme de tirar o fôlego. O diretor de The DaVinci Code (O Código DaVinci) já tinha provado que era um grande profissional, capaz de tornar as histórias mais ilusórias, nos perfeitos relatos realistas da antiguidade.
Angels&Demons (Anjos e Demônios) é encantador, cheio de mistério, ação e informação. O simbologista Robert Langdon tem em suas mãos um novo mistério. O reaparecimento de uma organização atéia considerada extinta há centenas de anos, que é considerada responsável por sequestros, mortes e atentados terroristas contra o Vaticano.
Com a morte do papa, o Vaticano entra em votação, para eleger o novo líder da maior religião do mundo. A Praça de São Pedro para, totalmente envolvida com a escolha do novo Vigário de Cristo. Quando os quatro preferiti são sequestrados e uma pesquisa científica superperigosa é roubada, o simbologista e uma cientísta são chamados para proteger o país, e principalmente, a integridade da religião.
Quando sentei na poltrona, tinha em minha mente a visão de um trailer envolvente, mas o que me prendeu nela foi justamente a capacidade de Ron Howard de transformar o roteiro do livro, considerado uma cultura de massa perfeita, em um emaranhado de informações importantes, com as quais não se pode julgar ou criticar qualquer religião ocidental.
A visão que fica do Vaticano, é justamente a mais imparcial possível por nos provar que qualquer tipo de organização onde existe política, existe corrupção e jogo de poder, mas em contrapartida, nos apresenta uma visão magnífica de como a fé pode tornar as pessoas otimistas e pode apagar qualquer rastro de decepção.
Tom Hanks dispensa comentários, conseguiu superar brilhantemente sua atuação em The DaVinci Code, que na minha opinião ficou entre "bom" e "regular" na escala. Nesta película, ele consegue te levar do céu ao inferno, junto com o roteiro.
Stellan Skarsgård (Pirates of the Caribbean: At World's End) encanta. Já tem uma característica marcante incomparável, que te faz lembrar dele em qualquer papel que faça (palmas ao Jr.). E não poderia deixar de citar a bela Ayelet Zurer (Victoria Vettra) que, ao contrário de Audrey Tautou, age e pensa como uma verdadeira heroína.
Em suma, Angels&Demons é um filme para pensantes, mas fácil de ser assistido. Nota 10.
quinta-feira, maio 21
De volta...há quinze anos...
Devido ao meu enorme hiato em relação à este espaço, decidi voltar falando de algo que não poderia ser mais compátivel com essa minha longa pausa. E é claro, um assunto um tanto interessante e uma data importante para mim e para quem passa por aqui. Há exatamente quinze anos, um mês e treze dias, a música ficava orfã de, talvez, o seu último grande guardião. O corpo de Kurt Cobain era encontrado dentro de sua mansão em Seattle. A causa da morte; um tiro na cabeça, supostamente disparado por ele mesmo (há quem desminta isso, mas não estou aqui para este tipo de discussão). Ao lado do corpo foram encontradas seringas, colheres queimadas, uma grande quantidade de heroína e uma carta assinada por ele. Aquilo não era só um cenário horripilante de um suicídio, mas também um marco triste para os anos seguintes no mundo da música.
Kurt se tornou o herói de uma época repleta de angústia, silêncio e dor. Ele, assim como uma boa parte de sua geração (incluindo seus companheiros de banda), sofreu com uma infância difícil, sempre assolada pela separação dos pais, que ocorreu quando tinha apenas 7 anos, e pela mudança constante de moradia. Kurt foi empurrado de parente à parente e com quinze anos teve de morar em casas de amigos, ou como ele mesmo conta em Something in the way, debaixo da ponte. O lar desfeito trouxe consequências à saúde mental de Kurt que jamais conseguiu se
recuperar do trauma. Era uma marginalização que sempre o acompanharia. Associada à suas primeiras feridas emocionais, a experiência de ser rejeitado seria algo a que ele repetidamente retornaria, jamais conseguindo se libertar inteiramente. Ela ficaria ali, logo abaixo da superfície, uma dor que cobriria o resto de sua vida com o medo da carência. Jamais poderia haver dinheiro suficiente, atenção suficiente ou — o mais importante — amor suficiente, porque ele sabia com que rapidez este podia desaparecer completamente. E como era fácil identificar isso em suas obras.
O relacionamento intenso com Courtney Love e o crescimento absurdo e rápido da sua fama, afastavam Kurt, aos poucos, do mundo real. O vício descontrolado em heroína o tornava violento e sempre com ameaças de suicídio. Courtney foi obrigada, por diversas vezes, a chamar a polícia para contê-lo e para que levassem a sua coleção de armas embora. Segundo o produtor de In Utero, Steve Albini, em seus últimos meses de vida, a única coisa que tirava Kurt da profunda depressão e apatia era a filha, Frances Cobain, de dois anos.
Em cinco de abril de 1994, aos vinte e sete anos, Kurt galgou seus últimos passos em direção à história ao caminhar lentamente pela sua mansão, subindo as escadas do corredor e entrando numa pequena estufa da garagem. Embaixo do braço jazia o único instrumento que poderia ser capaz de aliviar para sempre a sua angústia. Uma espingarda Remington de grosso calibre. Após injetar uma considerável dose de heroína, repousou o cano da arma no céu da boca e apertou o gatilho. O corpo foi encontrado por um eletricista na manhã do dia oito de abril.
Fica fácil perceber de onde vinha o sentimento e a melancolia, tanto nas canções que Kurt compunha, quanto na interpretação de sua própria obra. Ele conseguiu dar voz ao próprio silêncio que o matava aos poucos e de quebra unia, pelo poder das suas músicas, toda a geração que sentia a mesma dor que ele sentia. O resultado disso: O Nirvana foi, sem dúvida alguma, a voz dos anos noventa e a última grande banda a deixar um legado intocável e discos perfeitos.
Kurt não foi nada egoísta ao emprestar sua dor, misturada ao seu talento, ao resto mundo. É por isso que no paraíso do rock onde se encontram peças importantes da música, ninguém merece um descanso com tanta paz quanto Kurt Donald Cobain.
quarta-feira, maio 20
Lars Von Trier, o melhor do mundo (?)
Lars, o cineasta de 53 anos que disparou na mídia nesta última semana, apresentou na mostra de Cannes seu mais novo filme "Antichrist". O filme foi vaiado por muitos, aplaudido por poucos e mal compreendido pela maioria dos telespectadores que se chocaram com as cenas de sexo e mutilação do longa.
O filme, que é estrelado por Willem Dafoe, é um suspense/terror que o diretor diz ter usado para se tranquilizar de um processo depressivo recente, mas de "tranquilizador" o filme não tem nem o título. Durante a coletiva depois do filme, o diretor foi questionado do porquê de fazer um filme como aquele, e ele, educadamente disse que não precisava se justificar para ninguém, e que ele havia feito o filme para ele mesmo. Em um ato de pura arrogância, o diretor não tem papas na língua ao afirmar que ele é o melhor diretor de cinema do mundo.
E ai começa o meu post. Como assim? Vejamos os fatos:
- O seu filme mais aclamado foi "Europa" feito em 1991, que levou alguns prêmios em Cannes, mas que nem ao menos foi indicado a um Oscar.
- Sua única indicação para o prêmio da academia foi ao prêmio de Melhor Canção Original em "I've seen it all", de Dançando no Escuro, em 2000. Não levou. O prêmio ficou para "You'll Be in My Heart", de Tarzan.
- Seu primeiro longa foi filmado em 1982 e se chama Befrielsesbilleder.
- Dogville é um ótimo filme, mas é o principal de sua carreira que não se parece com um.
Ora vejamos, temos atualmente um grande leque de diretores talentosos que fazem filmes geniais e que jamais tiveram a audácia de se taxarem como o "melhor do mundo", porque então um dinamarquês (xenofobias à parte) que inventou um tal modelo de filmar [Dogma95] na qual o uso de cenários é algo repudiado, resolveu de uma hora para outra que Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Francis Ford Coppola, Brian DePalma, Woody Allen, Oliver Stone, Bernardo Bertolucci, Steven Spielberg são inferiores à sua capacidade de fazer filmes sem cenários, com a câmera na mão e 35 mm, por padrão?
Desculpem-me pelo texto totalmente crítico, mas tinha que expor minha indignação perante essa declaração infeliz, deste cineasta ainda aspirante.
Prepotência e cinema não combinam, Lars.
segunda-feira, maio 18
62º Festival de Cannes
A Mostra de cinema mais importante e conceituada no mundo tem, esse ano, um papel essencial no lançamento dos filmes mais esperados do ano. Pedro Almodóvar, Quentin Tarantino, Ang Lee são apenas alguns nomes importantes que estão presentes na lista oficial de filmes que serão transmitidos na Mostra.
O festival que existe desde 1946 já premiou brasileiros como Lima Barreto com O Cangaceiro, Terra em Transe de Glauber Rocha e mais recentemente deu o prêmio de melhor atuação feminina a Sandra Corveloni, que atuou em Linha de Passe. Esse ano, a presença brasileira é muito menor. O filme No Meu Lugar, de Eduardo Valente com produção de Walter Salles foi escolhido de última hora para participar do festival.
Outro filme nacional apresentado no festival é À Deriva, de Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo). O diretor conta que acreditava, mas não esperava que seu filme pudesse ser selecionado. E foi. O crescimento do cinema nacional tem espantado a todos, principalmente aos cineastas, que estão vendo seu trabalho ser cada vez mais reconhecido internacionalmente.
Outra surpresa da 62º edição do festival é o último filme de Heath Ledger vivo, The Imaginarium of Doctor Parnassus estraiará no evento dia 22 deste mês. O ator não teve chance de terminar as gravações da película, uma vez que faleceu antes do fim das filmagens. A sequência foi filmada pelo trio Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel, que interpretam o mesmo personagem.
O já famigerado Quentin Tarantino não poderia ficar fora da premiação que lhe rendeu uma Palma de Ouro em 1994, por Pulp Fiction. Dessa vez o diretor entra na disputa com o filme Inglorious Bastards, que tem um elenco de peso com Brad Pitt, Samuel L. Jackson, Eli Roth e Mike Myers. Outro diretor aclamado pelo público é o espanhol Pedro Almodóvar, que também já levou prêmios em Cannes em 1999 com Tudo Sobre Minha Mãe. Dessa vez, o diretor apresenta com Los Abrazos Rotos.
O festival ocorre entre os dias 13 e 24 de maio.
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